Depois da noite delícia no centrinho histórico de Paraty, acordamos no domingo bem cedo para tomar café.
Lá no hostel, o café da manhã é servido na frente da recepção então logo cedo demos de cara com o staff e com o Charlie que estava de folga nesse dia.
O plano inicial era ir para a Praia do Sono mas o Charlie estava de saída para a trilha do Pão de Açúcar do Mamanguá – se não me engano o ponto mais alto ali de Paraty, uma pedra parecida com o Pão de Açúcar carioca, óbvio – junto com o Matias (um argentino bonzinho que estava hospedado no hostel no mesmo esquema: trabalhando na recepção em troca de uma cama) e a gente resolveu se infiltrar nos planos deles.
Eu não tinha entendido direito onde é que a gente tava se metendo, só sabia que a gente ia fazer uma trilha íngreme de mais ou menos 45 minutos. Mesmo assim, topei.
O Charlie explicou que a gente ia pegar um ônibus até um lugar x, depois iriamos pegar um barco até outro lugar z onde fica a entrada da trilha.
Pegamos um ônibus em direção a Paraty-Mirim, meia hora de curva esburacadas. Descemos no ponto final, uma praia deserta, sossegada, sem ondas, com uma casinha que também funcionava de lanchonete e alguns barquinhos de pescadores ancorados bem perto da areia. Negociamos com um barqueiro e ele topou levar a gente até a Praia do Cruzeiro onde fica a entrada da trilha.
O caminho pelo mar foi maravilhoso. Subimos os quatro na parte de cima do singelo barquinho e fomos contemplando a vista. Chegando na Praia do Cruzeiro, aproveitamos para dar um mergulho nas águas calmas e verdinhas de lá. Fiquei encantada com a proximidade e altura das montanhas. Depois descobri que o Saco do Mamanguá é o único “fiorde” do Brasil, achei demais. Um dos lugares mais marcantes e serenos que já visitei.
Começamos a trilha e essa parte foi hardcore. De longe a trilha mais cansativa que já fiz, extremamente íngreme. Paramos pra descansar em alguns momentos. Haja preparo físico pra subir direto.
Mas quando alcançamos o pico, todo o esforço valeu a pena. Me deitei na pedra e juro, eu estava me sentindo no céu. A vista lá de cima é maravilhosa e a sensação inexplicável. Lembro de pensar: “Se Deus existe, é nesse tipo de lugar que a gente se encontra com ele e não dentro de uma igreja…”.
Ficamos um tempo lá em cima relaxando, jogando conversa fora… cheguei até a cochilar em algum momento. No horário marcado com nosso barqueiro, descemos a trilha para a praia. Mais um lugar que eu prometi voltar, com aquela sensação de “preciso mostrar isso pra outras pessoas”. Pegamos o barco de volta, naquele mesmo esquema, os quatro na parte de cima… exautos, mal conversamos. Eu passei o caminho inteiro absorvendo o máximo que podia daquele lugar, tão zen.
De volta a Paraty Mirim, pegamos o ônibus para Paraty. A gente ainda tinha algum tempo na cidade então tomamos um banho, arrumamos as malas e fomos comer algo. O Mati acompanhou a gente e depois fomos direto para a rodoviária. O Charlie sumiu no hostel e sequer tivemos tempo de nos despedir. Nunca mais falei com nenhum dos dois mas isso faz parte da arte de viajar, né?
E assim terminou o final de semana em Paraty.